Amigos de Picuí
Peço um pouco de atenção
Pois quero contar a história
De um herói desta nação
É o sargento Silvino de Macedo
A quem faço alusão
Considerado por Dr. Felipe
“o maior exemplo de coragem”
Viveu em nossa terra
Seus tempos de molecagem
Mas foi no Rio e Recife
Que mostrou sua imagem
Foi mártir de um ideal
No início da República
Desafiou um presidente
Em defesa da coisa pública
Falar em democracia
Foi executado com bravura
Típico de um grande herói
Não se curvou ao inimigo
Mostrando como se constrói
A figura de um sargento
Que o tempo não destrói
Silvino Honório de Macedo
De Picuí é natural
Nasceu na Rua Cel. Lordão
Casa Nº em 9 especial
Benta Maria da Conceição
Foi sua figura maternal
Na igreja de São Sebastião
Silvino foi batizado
Por Manuel Franklin de Souza
Um pároco respeitado
Em nome do santo guerreiro
O menino foi abençoado
Ainda criança em Picuí
Na fazenda umburana
Eram comuns as traquinagens
Muitas vezes leviana
Como furar o pé com xiquexique
Fingindo ser cobra caninana
José Luciano de Macedo
Seu pai, um lutador
Manda pegar a família
Por um amigo vendedor
João papagaio, no lombo jumento
Foi quem fez este favor
Pouco tempo em Recife
Ingressa na marinha
Ainda como aprendiz
Pois idade não tinha
Com tempo sargento
Quem sabe um dia pracinha
Já no Rio de Janeiro
Apoiou a proclamação
Na República de Deodoro
Defendeu a Constituição
Não aceitou, entretanto
Do presidente a abdicação
Como deodorista convicto
A renuncia não aceitava
Lutou contra Floriano
O presidente que entrava
Defendendo a carta magna
Que ele acreditava
Durante a crise política
Liderou uma revolta
Foi na fortaleza Santa Cruz
Buscando uma reviravolta
Enfrentou o marechal de ferro
Sem nenhuma escolta
Entendia que Floriano Peixoto
Não era legítimo presidente
Pois não foi eleito pelo povo
E se mostrava intransigente
Portanto, era preciso
Defender a lei vigente
Não teve sucesso, foi preso
Por sua coragem ganhou anistia
Mas não se vendeu a Floriano
Continuou com autonomia
Por isso foi novamente detido
Contrariando a democracia
Em janeiro de 1894
Quando a Recife voltava
Por um soldado foi abordado
Quando uma lembrança comprava
Não reagiu um só momento
O general Leite de Castro
Um conselho logo formou
Ilegítimo, é verdade
Mas nada adiantou
O destino de Silvino
Foi ele quem selou
A sentença de seu desafeto
Floriano Peixoto
O marechal de ferro
Disse com seu jeito ignoto
“Fuzile sem formalidades”
Esse rebelde garoto
Embaixo de uma mangueira
Sob as ordens do xerife
Próxima a matriz dos afogados
Marque o lugar, grife
Silvino Honório de Macedo
Foi fuzilado em Recife
O mártir da imbiribeira
Como ficou conhecido
Dava a voz de comando
Quando ouviu o estampido
“Direto ao coraçã...”
Quando caiu combalido
O sargento picuiense
Que defendia a legalidade
Foi sepultado em Recife
Com a maior naturalidade
Como se este herói
Não merecesse nossa paternidade
Mas Felipe Tiago Gomes
Defendeu sua origem
Acabando com as dúvidas
Que a nós sempre afligem
Valorizando nossa história
Novas páginas redigem
Hoje vemos o mausoléu
Feito em sua homenagem
Entendemos a lição
Que ficou com sua imagem
De um jovem picuiense
Que enfrentou a morte com coragem
Robson Rubenilson