domingo, 8 de novembro de 2009

O carnaval em Picuí

O Carnaval de Picuí



O Carnaval é um período de festas regidas pelo ano lunar no Cristianismo da Idade Média . O período do Carnaval era marcado pelo "adeus à carne" ou "carne vale" dando origem ao termo "Carnaval". Durante o período do Carnaval havia uma grande concentração de festejos populares. Cada cidade brincava a seu modo, de acordo com seus costumes. O Carnaval moderno, feito de desfiles e fantasias, é produto da sociedade vitoriana do século XIX . A cidade de Paris foi o principal modelo exportador da festa carnavalesca para o mundo. Cidades como Nice, Nova Orleans, Toronto e Rio de Janeiro se inspirariam no Carnaval francês para implantar suas novas festas carnavalescas.
A festa carnavalesca surge a partir da implantação, no século XI, da Semana Santa pela Igreja Católica, antecedida por quarenta dias de jejum, a Quaresma. Esse longo período de privações acabaria por incentivar a reunião de diversas festividades nos dias que antecediam a Quarta-feira de Cinzas, o primeiro dia da Quaresma. A palavra "carnaval" está, desse modo, relacionada com a idéia de "afastamento" dos prazeres da carne marcado pela expressão "carne vale", que, acabou por formar a palavra "carnaval". Em geral, o Carnaval tem a duração de três dias, os dias que antecedem a Quarta-feira de Cinzas. Em contraste com a Quaresma, tempo de penitência e privação, estes dias são chamados "gordos", em especial a terça-feira (Terça-feira gorda, também conhecida pelo nome francês Mardi Gras), último dia antes da Quaresma. Nos Estados Unidos, o termo mardi gras é sinônimo de Carnaval.No período do Renascimento as festas que aconteciam nos dias de carnaval incorporaram os baile de máscaras, com suas ricas fantasias e os carros alegóricos. Ao caráter de festa popular e desorganizada juntaram-se outros tipos de comemoração e progressivamente a festa foi tomando o formato atual.
Em Picuí o carnaval era, inicialmente, uma festa destinada quase que exclusivamente a elite local. Eram filhos de fazendeiros, professores, médicos, advogados, comerciantes que se reunião no antigo Picuí clube com seus blocos a exemplo de " os caras brancas" para festejar as noites de carnaval. Foi na Administração do prefeito Felizardo Bezerra que, devido sua proximidade com a camada popular que eram seus eleitores, foi construído o atual Picuí clube, destinado as festas populares, inclusive o carnaval. Outro nome que merece destaque no carnaval de Picuí é o senhor Antonio de Bina que, a frente do bloco " os caras pretas", democratizou o carnaval estimulando a participação popular.


Atualmente em Picuí, o carnaval constitui-se como uma expressão tipicamente popular. As crianças saem às ruas com seu batuque, farinha, apitos e fantasias. A animação é comandada pelos blocos populares como o "bloco de Lena" e o Carnaboneca, por exemplo. Nos bairros ocorre o típico "mela mela" onde as crianças e adultos jogam farinha, ovos, água, tinta, espumas uns nos outros. Fantasiados com diferentes trajes, muitos homens saem como mulher merecendo destaque o desfile do bloco " as virgens do Limeira" onde a comunidade prestigia com muita descontração. Na zona rural, além das festas nas bodegas ou em casa com os amigos, são muito comuns os banhos de açude, onde parte da população participa, já que outros procuram festejar o carnaval nas cidades vizinhas, geralmente o litoral como Natal e João Pessoa.

Veja alguns dos importantes nomes que fazem do carnaval de Picuí :

Carmilenia da Silva Caetano, mais conhecida por Lena é filha Terezinha de Jesus e Agenor da Silva e reside atualmente no centro da cidade de Picuí.
Lena diz que seu carnaval era feito com muita alegria, pulando e agitando ao ritmo de frevo, pois mesmo sem nenhuma orquestra faziam a festa com a batucada de latas que os participantes levavam durante o desfile. As pessoas que participavam iam sem trajes, outros de panpagú, palhaço, cigana, homens, buchuda etc.
Ela mesma organizava os blocos, como o Empurra que lá vai eu, assim como fazia muitas fantasias. Várias pessoas participavam como Antonio de Bina, Delmiro e Tico do moco por exemplo.

Zé da luz, filho de Severino Avelino e Josefa Ferreira, reside atualmente na Rua Antonio Maria Dantas no bairro JK em Picuí. Há pouco tempo atrás o nosso carnaval era bem diferente, não tinha quase instrumentos como hoje, os grupos saiam pela feira e mercado arrecadando dinheiro para organizar o bloco. Usávamos máscaras, tinha o bloco do Zé pereira onde todos pulavam e brincavam em volta de um cabeção, tinha ainda os papangús, algumas pessoas se vestiam de generais. Alguns blocos marcaram época como bloco cara preta, o bloco passo de ema, e o bloco só canela. Com o tempo foram surgindo os instrumentos de percussão que davam o tom do carnaval de Picuí.
Degelson Luiz, filho de Luiz Neto e Maria José Azevedo reside hoje na Rua João Antonio da Silva, bairro Pedro Salustino aqui em Picuí. Sempre gostou de pular o carnaval, onde as pessoas pintavam o rosto, tinha uma charanga, onde ele tocava surdo e pandeiro. Na época os blocos não tinham nenhum apoio, cada pessoa fazia sua própria fantasia. Com o tempo criaram o bloco carnaboneca, onde reúne os amigos que dividem as despesas das camisas e bebidas. O Bloco conta ainda com um carro de som que anuncia e reúne a meninada por onde passa com a fantasia da boneca, símbolo maior do bloco.
Etiene de Souza é filho de José Moreira de Souza e Francisca de Andrade, e reside atualmente Rua Garcia do Amaral, sendo talvez o maior símbolo do carnaval de Picuí nos últimos anos. Ele relata que o carnaval de Picuí sempre foi muito divertido, reunia muita gente nos blocos, mas principalmente nas calçadas com muita animação para ver a passagem dos componentes em especial o “Índio”. A meninada se divertia com água e muita farinha de trigo. Era um carnaval com muita paz. Os principais blocos eram os Caras Pretas e os Caras Brancas, tinha ainda o bloco do Zé Pereira e as fantasias.

Clisaldo Cordeiro, filho de Manuel Pacifico e Maria da Penha, mora hoje na Rua Joventina Henriques. Gostava dos blocos que existia, principalmente das fantasias que as pessoas usavam como padre, urso, mulher, coelho. Todos gostavam de rir deles, era uma felicidade só.
Josinaldo Medeiros mora no Sitio São Francisco e disse que gostava do tempo de carnaval devido à folia que todos faziam. Tomava muita cachaça, algumas pessoas jogavam farinha de trigo e coloral. À noite era animada por muito frevo. Tinha um trio de arrasta pé formado pelos amigos, que se encontrava ao final na ponte do rio Picuí.

Severino dos Ramos Gomes Bento, mais conhecido como Ramos de Bedega é filho Francisca Bento e João Bento, reside na Rua Severino Ramos da luz. Já participou de muitos blocos como o Bloco Zé Pereira, onde seu amigo tonheca andava com o cabeção pelas ruas e se encontrava com o bloco de Etiene e Antonio de Bina. Ramos diz que o carnaval da época era mais divertido que o de hoje, pois eram comuns as batucadas de lata. Sua fantasia mais famosa é de mulher, sendo conhecido como Vitória de Bedega.

Edvlado Dantas, filho de Ana Emilia e José Severiano, mora no Sitio Poço de Onça. Lembra do Bloco Os Caras Pretas que reunia os foliões no Picuí Clube. Era comum ver as pessoas com diferentes fantasias como índio e mulher, por exemplo. O carnaval de sua época era considerado muito bom. Fazia muita graça com o bumba meu boi. Edvaldo diz que gostaria de voltar os velhos tempos, as lembranças de seu tempo de moço.
Estélio de Macedo reside Rua Maria Juliana das Chagas. Falou que em sua época uma pessoa que merece destaque é Raimundo Sales de Macedo, um dos fundadores do bloco os caras brancas que saiam pelas ruas de Picuí com marchinhas. Visitava os amigos durantes os dias de folia com o bloco do Zé Pereira (cabeção), tinham ainda os papangus e as pessoas que saiam mascaradas para esconder sua verdadeira identidade. Aconteciam os bailes no Picuí clube, sempre bem decorado com serpentinas, máscaras e confetes. A animação ficava por conta de alguns membros da Orquestra Antonio Xavier, comandada pelo mestre Alfredo, que contava com o talento de músicos como Nino Costa, Agrião, Zé Belém, Chico Preto e João Costa

José Faustino, filho de Faustino Casado e Madalena Buriti mora na Rua Samuel Antão de Farias. Disse que sempre gostou dos carnavais de Picuí e que participou de vários blocos ao lado de foliões como Etiene. No bloco participavam diferentes pessoas com trajes variados que podia ser Bermuda e camiseta do bloco, chapéus, alguns usavam cachimbo, outros tocavam fole animando a folia pelas ruas Picuí e Parelhas que participava. Tinha o Cabeça de boi, o fole de Antonio de Bina, a fantasia de mulher usada por Delmiro, ainda tinha o som do triangulo, zabumba e tambor.

Eliel Batista é filho de José Macedo dos Santos e mora na Rua tenente José Manuel Dantas no bairro Limeira. Disse que participa do carnaval de Picuí há pouco tempo, e que sempre sai fantasiado de mulher com o nome de Leona, e que faz parte do grupo de foliões que realiza o jogo das Virgens do Limeira que acontece todo ano e reúne uma multidão. Sobre os antigos carnavais sabe apenas o que as pessoas contam que existiam dois blocos: Os caras brancas e Os caras pretas e que geralmente quando se encontravam aconteciam discussões.

Edielson de Azevedo é filho de Maria José Azevedo e Luiz Neto e mora na Rua José Patrício Dantas. Ele diz que o carnaval que participava sempre foi bom porque corria atrás do boneco de Zé pereira, que era um cabeção de boneco. Participava do bloco de Delmiro que era animado pela charanga da época e que saia pintado de branco de goma e coloral. Disse ainda, que o melhor era quebrar ovo nas cabeças dos outros foliões que saiam pelas ruas e que também gostava de jogar água de esgoto nas pessoas.
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Pesquisa realizada pelos alunos da Escola Municipal Ana Maria Gomes - 2009
Orientação Professor Robson Rubenilson
Fontes:
A carne de sol de Picuí
Esboço histórico de Picuí
Picuí ontem e hoje
Depoimentos personalidades de Picuí